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12 anos 6 meses atrás - 12 anos 6 meses atrás #567 por ersil
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Os autocaravanistas são criminosos?


A Federação de Campismo e o Autocaravanismo: os autocaravanistas são criminosos?

A actual FCMP (Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal) nasceu como Federação de Campismo e foi mudando a sua designação de acordo com critérios de oportunidade conjuntural. A Federação de Campismo reivindica para si a tutela de actividades tão distintas como o campismo, o pedestrianismo, o montanhismo, o caravanismo e o autocaravanismo. Em si mesmo isto não corresponde a nenhum problema. O problema é que a Federação se habituou a viver num quadro legal de privilégio que o direito corporativo do Estado Novo lhe concedeu. Como normalmente acontece às entidades sem concorrência, a Federação deixou-se enquistar tornando-se incapaz de compreender e de acompanhar o mundo moderno e a evolução das diversas modalidades de turismo que diz representar. Sem a lucidez nem a humildade necessárias às novas circunstâncias, a Federação de Campismo tem vindo progressivamente a fechar-se na trincheira da arrogância. Incapaz de fazer o que quer que seja de relevante, grita cada vez mais alto que aquelas modalidades são suas e preocupa-se essencialmente em que outros nada façam para que não se torne óbvio que a Federação nada faz. Ou seja, a Federação comporta-se como um grande pinheiro manso que deixou de crescer mas que nada deixa crescer em seu redor.

Para não nos alongarmos muito dispensemos outros exemplos: o caso do montanhismo é mais do que suficiente. Certamente por a Federação de Campismo nada fazer pela modalidade, as principais entidades agregadoras dos montanhistas criaram a Federação Portuguesa de Montanhismo e Escalada. Que fez a Federação de Campismo? Mudou o seu nome tirando o caravanismo para lá colocar o montanhismo. E que mais? Nada, que não seja envolver-se numa cruzada quixotesca do bem contra mal, nisso parecendo ter a actual direcção da Federação gasto o essencial das suas energias. Desta cruzada fez parte a expulsão de vários clubes da FCMP, assim como a diabolização de todos aqueles que não aplaudam freneticamente a Federação de Campismo. Mesmo que para tal seja preciso negar aquilo que a todos nos entra pelos olhos dentro: por mais coutadas jurídicas que a FCMP consiga, no terreno a FCMP vale pouco mais do que zero em termos de montanhismo. Basta ver as fotos e os relatos que nos dizem que a Federação de Campismo recebeu do Governo quase 10 mil contos para organizar 4 provas do campeonato nacional de escalada, em que participaram meia dúzia de atletas. Não obstante, no número da Revista da Federação de Campismo que foi publicado em Setembro, o presidente da Federação declara que “o Campeonato nacional de Escalada foi um êxito”. É caso para dizer: o mais cego de entre os cegos é aquele que se recusa a ver. Faz lembrar os tempos em que a história dos povos era reescrita em função dos caprichos ditatoriais dos seus dirigentes.
Tão embrenhados têm estado os directores da Federação na sua cruzada contra os montanhistas que se não deram conta de que o mundo continuou a girar independentemente das suas vontades. A Federação que entretanto tornou o seu nome mais comprido afinal resume-se a ser a representante do campismo associativo (e só deste!). Mesmo aqui perde influência a olhos vistos: das quase 100 mil Cartas que já emitiu no passado vende agora 40 mil, ... E ainda há quem teime em não ver a realidade!

O montanhismo revela o seu dinamismo sob a égide da Federação Portuguesa de Montanhismo e Escalada. Sem que a Federação de Campismo disso se desse conta, surgiu em Portugal o movimento naturista sob a liderança organizacional da Federação Portuguesa de Naturismo. As empresas proprietárias de Parques de Campismo tomaram como sua organização representativa a AECAMP em quem o Estado delegou competências que se esperaria fossem atribuídas à Federação. No domínio do autocaravanismo a FC tem vindo a enterrar a cabeça na areia, convencida de que o CPA não existe enquanto os directores da Federação de Campismo não reconhecerem a sua existência. Por isso insistem em tratar o CPA como um vulgar clube campista, como se este Clube gerisse um parque de campismo. Aliás, para a Federação de Campismo os únicos sócios do CPA que contam são os que têm Carta de Campista emitida através do CPA. A Federação de Campismo ignora que a maioria dos sócios do CPA não tem CC e que outros a têm através de outros clubes de que já eram sócios antes de serem autocaravanistas. Tem-lhe sido conveniente manter esta ignorância, pois desta forma pode argumentar que o CPA tem menos expressão no autocaravanismo do que clubes como o ACP, o CCL, o CCCB, ou o CCP. Não está em causa o mérito destes clubes e o respeito que me merecem. Mas lá por estes clubes terem entre os seus sócios alguns autocaravanistas e, simultaneamente, venderem muitas Cartas de Campista da Federação, isso não faz deles clubes representantes do autocaravanismo em Portugal.
O facto é que, por mais que a Federação de Campismo teime em negá-lo, os autocaravanistas portugueses elegeram o CPA como o representante institucional do autocaravanismo em Portugal. É no CPA que se sentem representados. É ao CPA que reconhecem a liderança do movimento de promoção, dignificação e defesa dos interesses do autocaravanismo e dos autocaravanistas.
Ou seja, a Federação de Campismo, esquecendo o velho adágio que diz “quem tudo quer tudo perde”, vê-se reduzida à expressão de mero representante dos interesses dos clubes gestores de parques de campismo associativo. Estamos a falar de 40 Parques dos 220 existentes no país, isto é, menos de 20%. Por mais que afirme que tudo tutela, por mais prorrogativas legais que agite, a verdade é que em Portugal, com esta Federação, nem sequer os campistas têm quem defenda os seus interesses.
Por muito que custe a algumas pessoas, o CPA nunca será dirigido a partir da Federação. Acabaram os tempos em que supostos representantes do CPA se tornam dirigentes na Federação para aí serem os responsáveis ... pela escalada! Sim, da escalada, leram bem. O CPA nunca aceitará ver hipotecada à Federação de Campismo a sua liberdade de decisão e acção em defesa do autocaravanismo e do turismo itinerante. Como já escrevi noutras alturas, o autocaravanismo não se reduz ao campismo. Enquanto dirigente do CPA não tenho conhecimento de que o Clube se tenha recusado a colaborar com a FCMP. Temos sócios autocaravanistas que também são campistas, e reconhecemos a FCMP como entidade tutelar do campismo. Logo, com naturalidade encaramos a FCMP como nossa parceira. Mas ser parceira não pode significar ser dona do Clube, nem por um só momento que seja abdicaremos do direito, e da obrigação, que temos de assumir a representação dos interesses dos autocaravanistas portugueses. Pelo menos dos que são nossos associados. Se a FCMP quiser completar o nosso esforço e promover obra que se veja em prole do autocaravanismo, serei o primeiro a aplaudir. Mas se a condição da Federação para o fazer for a de manietar o CPA, então direi: não obrigado!

Espero ter sido bem claro. Pois o respeito que os autocaravanistas portugueses me merecem, especialmente os sócios do CPA, exige-me que venha a público esclarecê-los sobre o que se passa.
Porque estou eu para aqui a falar disto nesta altura? Porque pela pena do presidente da Federação de Campismo todos ficámos a saber que a cruzada purificadora da Federação de Campismo se estendeu ao autocaravanismo. Segundo o dito Sr. há entre nós autocaravanistas perigosos criminosos. Nada menos do que criminosos!

No último número da Revista da Federação de Campismo que já referi, o Presidente da Federação num gesto de desespero próprio de quem sente a terra a fugir-lhe debaixo dos pés, ousou escrever o impensável. Vários foram os autocaravanistas que se me dirigiram manifestando a sua indignação e o propósito de não mais renovar a Carta de Campista. Desde já declaro que os seguirei e não mais renovarei a minha Carta de Campista. Antes mesmo de me sentir insultado, sinto-me envergonhado de ter uma CC emitida por uma entidade com um presidente que assim se comporta.
Já nos tínhamos habituado a ver dirigentes federativos tratarem por ignorantes todos os que deles discordavam. Eu pelos ignorantes tenho muito respeito, pois passei a minha vida profissional a tentar diminuir a minha ignorância e dos meus alunos. Mas desta vez o Presidente foi longe de mais no insulto calunioso aos autocaravanistas. É um gesto que não dignifica quem o pratica e que ofende a todos os que a instituição diz representar. É um gesto próprio de algumas pessoas que costumamos ver nas imediações dos estádios de futebol, um gesto próprio de quem não está de posse de todas as suas faculdades intelectuais. De um Presidente espera-se visão estratégica, sentido de liderança, capacidade de aglutinação, razoabilidade, sentido de equilíbrio, ponderação, noção da responsabilidade própria do cargo que ocupa, e, ... educação. Nada disto o senhor fcipriano revela no seu texto. Pelo contrário. Ora vejam.
• No Editorial começa por advertir para o perigo da “cisão do Movimento” decorrente dos autocaravanistas que “não são companheiros” e que além disso reivindicam para si o trabalho “que companheiros nossos vêm desenvolvendo em prole e defesa do autocaravanismo”. Os exemplos que invoca trazem-nos à memória a descrição de umas passeatas turísticas por Itália de dirigentes Federativos, supostamente para tratar a nível europeu do problema legal que temos. Mas quem ler o discurso feito na cimeira não encontra lá uma única ideia em defesa do autocaravanismo.
• Não satisfeito, o Presidente volta à carga na página 33. Aqui insurge-se contra o facto de a autoria do pré-projecto-de-lei que a FCMP entregou na AR ter sido “reivindicada ou atribuída a outras pessoas que não os respectivos autores”. Não é meu hábito reclamar a autoria do que faço no seio de estruturas colectivas. Nos muitos órgãos colectivos por onde já passei sempre procurei dar o meu melhor contributo sem estar preocupado com os louros individuais disso. Perante este arrasuado sinto-me compelido a abrir uma excepção. O Projecto que o Presidente invoca é o resultado formal de um grupo de trabalho constituído sob os auspícios da FCMP. Quando eu passei a integrar esse grupo já ele tinha 1 ou 2 anos de existência, porém não havia uma linha escrita do referido projecto. Fui eu, Raul Lopes, quem escreveu integralmente o texto base do dito projecto. Fi-lo não a título pessoal mas enquanto representante do CPA nesse grupo, logo entendo que a autoria deve ser atribuída ao CPA e não a mim. É verdade que aquilo que foi entregue na AR não é exactamente o que eu escrevi. Manifestei oportunamente o meu desagrado pela forma como o processo foi conduzido, não voltarei a fazê-lo pelo respeito que me merece a memória do então vice-presidente da FCMP que infelizmente já cá não está para me desmentir. Mas sempre direi que a versão final do projecto foi fixada numa reunião para a qual inexplicavelmente não fui convocado, e que das 3 diferenças substantivas existentes entre o meu texto e o que foi entregue na AR, uma é uma alínea que fixa o número de bombas de gasolina a partir do qual deveria ser obrigatória a existência de uma área de serviço. As outras duas foram simplesmente o corte do preâmbulo e de um capítulo relativo à regulamentação do estacionamento urbano pelas Autarquias Locais. Com estes cortes, a meu ver, esvaziaram de conteúdo o essencial do documento. Seja como for a FCMP revelou-se também aqui incapaz de acompanhar o processo, deixando-o morrer na AR sem ao menos exercer o contraditório face aos equívocos em que se funda a decisão final dos Srs Deputados. Devido à forma como a FCMP conduziu o processo, a iniciativa morreu sem honra nem utilidade para os autocaravanistas.
•  Não satisfeito, e à falta de argumentos suportados na razão, o Presidente da Federação de Campismo parte para o insulto desmedido aos autocaravanistas. Primeiro, num gesto guerreiro indigno de um campista, apela solenemente à unidade e à mobilização geral contra esses autocaravanistas que não são companheiros, mas incendiários: “ou nos juntamos ou somos queimados por estes incendiários que dão cabo do nosso País”, disse. Eu não queria acreditar no que lera. Isto é grave de mais para ser verdade. Não se trata sequer de uma figura de estilo, não somos acusados de destruir a FCMP, somos acusados de literalmente incendiar e destruir o País. O Presidente da Federação não contrapõe argumentos, acusa os autocaravanistas de serem criminosos. Sim, isso mesmo, criminosos-incendiários! Esta calúnia é tanto mais incompreensível quanto ele bem sabe que está a dirigir-se a cidadãos comuns e que embora a moldura penal seja distinta, no quadro valorativo do cidadão comum um incendiário merece um castigo equivalente ao do mais horrendo dos assassinos, ou seja, a morte. É absolutamente irresponsável esta postura.
• Como se isto não fosse bastante, o Presidente da FCMP junta autocaravanistas e montanhistas e a ambos acusa de crime maior do que o de incendiários. São, nada mais, nada menos, do que traidores à Pátria: “nasceram em Portugal, mas não são portugueses”, conclui ele. Haverá crime maior do que a traição à Pátria?

Num raro rasgo de humildade, o presidente da Federação que diz tutelar o autocaravanismo confessa-se: “eu não sou autocaravanista e pouco sei de tal arte”. Não nos dá qualquer novidade, mas sempre lhe fica bem tal humildade. O que lhe fica muito, mas muito mal, o que é impróprio de quem ocupa o lugar que ocupa são os insultos que dirigiu aos autocaravanistas. É um gesto completamente impensado.
Os campistas não mereciam a humilhação de ter um Presidente com tanta falta de classe. Os autocaravanistas ficam pacientemente à espera que a FCMP lhes peça formalmente desculpa por tais dislates do seu Presidente. Se isto é uma declaração de guerra, que fique registado que foi o Presidente da FCMP que unilateralmente a declarou.

Lisboa, Outubro de 2006
Raul Lopes (vice-presidente do CPA)

Last edit: 12 anos 6 meses atrás by ersil.

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12 anos 6 meses atrás #568 por Mena
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Olá Ersil.

Embora uma parte do texto, com o passar do tempo  esteja um pouco descontextualizado, pois já não  existe um só clube de autocaravanismo e até já temos uma Federação,  as ideias do autor continuam vivas e actuais, com o que se tem passado.

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12 anos 6 meses atrás #569 por ersil
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Olá Mena
Sim eu sei que tudo o que diz é verdade, mas este texto não era para ser colocado aqui, mas sim junto de outros escritos, em formato de telenovelas,noutro forum,e lembrar ao companheiro que escreve "loas" a essa federaração as posições do clube, á precisamemte 5 anos atrás e as posições actuais. A federação é a mesma , o presidente também, expliquem-me porquê agora tão amigos dos ACs quando á 5 anos fomos tratados por traidores e criminosos?

Um abraço
Ernesto Silva

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